Luiz Flávio Gomes - Zona 30 Menos Velocidade Mais Vida 1

ZONA 30: MENOS VELOCIDADE, MAIS VIDA 1
Por Luiz Flávio Gomes

É chegada a hora de nós, brasileiros, darmos um basta às enganações legislativas repressivas que, embora necessárias, vêm tarde, quando vêm, mas nessa altura vidas preciosas já se foram nas engrenagens do caótico e violento trânsito nacional (43 mil em 2010 e cerca de 46 mil em 2012, conforme projeções do Instituto Avante Brasil). Temos que começar a reivindicar medidas preventivas concretas e deixar de confiar idiotamente somente em medidas repressivas (muitas vezes demagógicas), que constituem um dos grandes engodos das democracias contemporâneas. Participe da nossa campanha www.zona30.com.br.

Todas as vezes que fui a Florianópolis e Salvador, dentre outras tantas cidades, sempre fiquei imaginando como um dia poderíamos conseguir uma convivência pacífica e não mortífera no trânsito das suas lindas orlas? E por que isso não poderia valer também para a Avenida Paulista em São Paulo e tantos outros lugares do país inteiro? Como imaginar os espaços urbanos sem nenhuma morte, sobretudo em razão dos brutais atropelamentos (de pedestres e de ciclistas). Como os pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas poderiam conviver em um ambiente bastante seguro, menos poluído (cada 5 carros com motor flex a gasolina lançam 1 kg de CO2 na atmosfera – Folha de S. Paulo de 05.04.11, p. C3), com menos ruídos e sem acidentes fatais? Tudo isso não passaria de uma utopia? Seria uma ideia maluca? Nada disso.

Extremamente econômica e saudável, não sei se nossa geração vai testemunhá-la. As futuras com certeza desfrutarão desse paraíso convivencial. Quando? No Brasil, se considerarmos o quanto resistimos a uma medida tão trivial e necessária como o uso do cinto de segurança, talvez dentro de algumas décadas. Na Europa, tudo isso já é realidade em várias cidades e, em menos de uma década, se o Parlamento Europeu transformar em lei uma Iniciativa Popular que já está tramitando por lá, desde setembro de 2012 (e se esta mobilização popular atingir um milhão de assinaturas no prazo de um ano), a providência preventiva vai cobrir todo o continente europeu.

Do que estamos falando? Da zona 30, ou seja, limitação da velocidade dos veículos a 30 km/h nos chamados “cascos urbanos com grande concentração de pedestres”, isto é, em zonas de grande movimento de veículos automotores, motociclistas, pedestres e cliclistas. Em lugar de pedágios, muito mais salutar e econômica é a zona 30. Em alguns países, como o Reino Unido, que usa a métrica milhas/por hora, a campanha recebe o nome de 20´s plenty for us.

Estatística divulgada pelo Observatório de Segurança Viária da Espanha (El País de 19.09.10, p. 17) dá conta do seguinte: se um carro trafega a 30 km/h, 30% dos atropelados saem ilesos, 5% morrem e 65% ficam feridos. Se o carro trafega a 50 km/h, somente 5% saem ilesos, 45% morrem e 55% ficam feridos. Se o carro trafega a 65 km/h, ninguém sai ileso, 85% morrem e 15% ficam feridos. Se o carro trafega a 80 km/h ou mais, ninguém sai ileso e (praticamente) 100% morrem (El Pais de 19.09.10, p. 17). Em lugar de ficarmos engando a população com medidas puramente repressivas, é chegado o momento de pensarmos e discutirmos democraticamente com a sociedade medidas preventivas concretas como essa da Zona 30, que já estão surtindo efeitos benéficos em todo o mundo mais civilizado.

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